Mais Influente: Jeff Yan

Jeff Yan raramente fala em público, evita as redes sociais e nunca aceitou investimento de capital de risco. Mas, em 2025, poucas pessoas tiveram uma influência maior na configuração das finanças descentralizadas (DeFi) e do próprio espaço cripto.

Yan é o fundador da Hyperliquid, uma exchange descentralizada (DEX) para futuros perpétuos que processa cerca de US$ 10 bilhões em negociações por dia, com DefiLlama mostrando US$ 308 bilhões em volume em outubro. Com mais de 570.000 usuários e uma blockchain personalizada que iguala a velocidade e a confiabilidade das plataformas centralizadas, a Hyperliquid tornou-se silenciosamente um player dominante em derivativos de criptomoedas.

Fez isso sem alarde, apoio de investidores ou uma grande equipe — apenas 11 principais contribuintes, uma visão fundamentada na precisão técnica e um foco incansável no produto liderado por Yan.

Para compreender a ascensão de Yan, é útil saber de onde ele veio. Criado em Palo Alto, Califórnia, por pais imigrantes chineses, Yan foi um prodígio em física, cursando home ouro na Olimpíada Internacional de Física de 2013.

Ele estudou matemática e ciência da computação em Harvard, depois ingressou na Hudson River Trading (HRT), uma empresa de trading de alta frequência conhecida por suas estratégias de ultra baixa latência. Após um breve período no Google, ele saiu para fundar sua própria firma de trading cripto, a Chameleon Trading, durante a alta do mercado de 2020–2021.

Mesmo assim, Yan permaneceu fora dos holofotes. Seus bots cuidavam dos mercados; ele cuidava da infraestrutura. Mas o colapso da FTX no final de 2022 mudou o cenário. À medida que os traders abandonavam os escombros das exchanges centralizadas, Yan viu uma oportunidade na alternativa preferida, as finanças descentralizadas onde os usuários custodiam seus próprios fundos, que não competiam com as alternativas centralizadas. Então, ele partiu para construir algo melhor.

Do código à infraestrutura principal

Em 2023, Yan lançou a Hyperliquid em uma blockchain layer-1 personalizada, projetada do zero para um único propósito: derivativos rápidos e descentralizados. A versão inicial parecia um sandbox para desenvolvedores, mostrando apenas desempenho bruto, sem incentivos financeiros para atrair usuários. Mas funcionou. A Hyperliquid ofereceu finalização em menos de um segundo, livros de ordens on-chain e uma experiência de usuário próxima à da Binance.

Em poucos meses, estava processando mais de US$ 1 bilhão por dia. Atualmente, ultrapassa bem os US$ 10 bilhões por mês.

O segredo para o sucesso da plataforma? Nas palavras de Yan: “Nossa filosofia é simples: criar um produto que os usuários realmente gostem e estejam dispostos a usar."

Novas funcionalidades, como a criação de mercado sem permissões (HIP-3) e a compatibilidade com Ethereum (via HyperEVM), transformaram a Hyperliquid em uma camada financeira modular, não apenas um local de negociação. Protocolos como Felix e HyperLend passaram a construir sobre ela, atraídos pela sua velocidade e incentivos compartilhados.

O que torna isso ainda mais notável é o que a Hyperliquid não fez. Nunca levantou capital externo, pois Yan financiou todo o projeto usando os lucros da Chameleon Trading. Não houve nenhum anúncio de airdrop exuberante, nem alocações para fundos de capital de risco, nem campanhas com influenciadores. A plataforma cresceu por meio do boca a boca, competições orgânicas de liquidez e desempenho.

Quando a Hyperliquid finalmente lançou seu token, HYPE, no final de 2024, fez isso em seus próprios termos. Aproximadamente 31% do fornecimento foi destinado aos primeiros usuários, e nenhum fundo de capital de risco recebeu alocações. O fornecimento restante, mais de dois terços, foi reservado para o crescimento futuro do ecossistema, airdrops ou incentivos da equipe com longo período de carência. Até meados de 2025, o HYPE alcançou uma capitalização de mercado próxima a US$ 20 bilhões, embora a queda do mercado cripto tenha arrastado esse valor para baixo desde então.

O modelo gerou imitadores em todo o DeFi. Tornou-se uma nova norma, à medida que a Hyperliquid canalizou centenas de milhões em taxas de protocolo de volta para os usuários por meio de recompras e queimas. A HYPE possui até sua própria empresa de tesouraria de ativos digitais, a Hyperliquid Strategies, que passou a levantar até US$ 1 bilhão para acumular o token.

A silenciosa disrupção

Yan é um candidato improvável para ser o rosto do boom do DeFi em 2025. Ele não busca atenção: raramente aparece em podcasts, não é extremamente vocal nas redes sociais, e suas entrevistas publicadas são escassas. Quando ele se manifesta, como no TOKEN2049 em Singapura, ele fala de forma clara e evita exageros.

Mas sua influência é tangível. A Hyperliquid forçou concorrentes como a dYdX a acelerarem sua infraestrutura e desafiou a ideia de que grandes equipes e grandes capitais são necessários para construir em escala.

Até mesmo controvérsias, como as críticas ao sistema de liquidação da Hyperliquid durante a queda de 10 de outubro, levaram a defesas técnicas ponderadas. Yan argumentou que seus modelos protegem os usuários ao minimizar o risco sistêmico, e não ao maximizar a receita do protocolo.

Olhando para o futuro, o roteiro permanece vago. Atualizações iterativas parecem ser preferidas em relação a ciclos de hype baseados em marcos. Mas, se o HIP-3 for uma indicação, a Hyperliquid está se expandindo além de suas raízes e busca abrigar todo o sistema financeiro, onchain.

Ao longo de tudo, Yan parece despreocupado. Ele ainda não fala muito. Mas, em um mercado frequentemente barulhento e errático, seu foco silencioso tem se mostrado magnético. A atitude é comparável à do fundador da Binance, Changpeng Zhao, que prefere concentrar-se em construir soluções de longo prazo em vez de perseguir tendências de curto prazo.

"Nossa filosofia central é: a criptomoeda mudará a forma como as finanças funcionam. As finanças tradicionais eventualmente migrarão para a criptomoeda. A Hyperliquid se tornará a plataforma básica para essas atividades financeiras,” Yan disse em uma entrevista no ano passado.

Para os construtores, ele se tornou o fundador obcecado por desempenho que codifica mais do que tuita. Para os usuários, ele criou um sistema onde os resultados determinam o valor.